
Coffee of the Year 2025: Espírito Santo domina com 11 dos 15 Prêmios e revela novos terroirs Brasileiros
Por: Mirian Ferreira
A 13ª Semana Internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte, mais uma vez se consolidou como o epicentro da excelência cafeeira brasileira. E, como em todos os anos, o anúncio dos vencedores do Coffee of the Year (COY) 2025 foi o ponto alto, um verdadeiro espetáculo para os amantes da bebida. Desta vez, a competição que elege os melhores cafés do Brasil quebrou recordes, com impressionantes 601 amostras enviadas de diversas regiões do país, um testemunho vibrante da paixão e dedicação de nossos cafeicultores. Mas o que realmente chamou a atenção neste ano foi a avassaladora performance do Espírito Santo, que abocanhou 11 dos 15 prêmios distribuídos nas categorias Arábica e Canéfora, reescrevendo a história da cafeicultura nacional e apontando para a consolidação de novos terroirs de altíssima qualidade.
A SIC, que reuniu milhares de profissionais, produtores e entusiastas de café de todo o mundo, serviu como o palco perfeito para celebrar essa diversidade e qualidade. Mais do que uma simples competição, o Coffee of the Year é um termômetro que mede a evolução constante do café brasileiro, revelando talentos, destacando regiões e impulsionando a busca pela perfeição em cada grão. O domínio capixaba é um fenômeno que merece ser desvendado, pois ele reflete não apenas o trabalho árduo de seus produtores, mas também a capacidade de inovação e adaptação que tem transformado o Espírito Santo em uma verdadeira potência no cenário cafeeiro.
Resultados oficiais: o pódio da excelência
A emoção tomou conta do público quando os resultados foram anunciados, consagrando os produtores que mais se destacaram em um ano de colheita desafiadora, mas repleta de sucessos. A competição, dividida nas categorias Arábica e Canéfora, revelou perfis sensoriais únicos e a maestria na condução das lavouras.
Confira o pódio das categorias:
Arábica
1º — Guilherme Abreu Vieira — Caparaó / MG
2º — Douglas Dutra Vieira — Caparaó / ES
3º — Juliana Aparecida — Região Vulcânica / SP
Canéfora
1º Carolinna Bridi — Montanhas do Espírito Santo / ES
2º Angelica Alexandrino — Matas de Rondônia / RO
3º Luis Carlos da Silva — Montanhas do Espírito Santo / ES
A leitura atenta dos resultados já nos oferece um vislumbre do cenário atual da cafeicultura brasileira: o eixo Sudeste-Norte se reafirma, com um Espírito Santo em ascensão meteórica e a Amazônia, por meio de Rondônia, mostrando sua força emergente. Cada um desses nomes e regiões carrega consigo uma história de dedicação, resiliência e, acima de tudo, uma busca incansável por um café que seja não apenas bom, mas verdadeiramente excepcional.
Conheça as regiões vencedoras: terroirs que encantam
Por trás de cada xícara de café premiado, existe um terroir, um conjunto único de fatores geográficos, climáticos e humanos que moldam seu caráter. Os vencedores do COY 2025 são embaixadores de suas terras, e a análise de suas regiões nos permite compreender a magia por trás de seus cafés.
Caparaó (MG/ES): Dividido entre Minas Gerais e Espírito Santo, o maciço do Caparaó é um berço de cafés de altitude que encantam o mundo. Com vales profundos e encostas íngremes que chegam a mais de 1.500 metros acima do nível do mar, a região oferece um microclima ideal para o cultivo de Arábicas complexos. A combinação de temperaturas amenas, alta amplitude térmica e solos vulcânicos ricos em minerais confere aos cafés do Caparaó uma acidez brilhante, corpo sedoso e notas sensoriais que variam de florais e cítricas a chocolate e caramelo. A tradição familiar na cafeicultura é um pilar, com conhecimentos passados de geração em geração, culminando em práticas de colheita seletiva e pós-colheita apuradas que garantem a qualidade extraordinária. Guilherme Abreu Vieira e Douglas Dutra Vieira são exemplos vivos dessa excelência, representando a força e a tradição que se renovam no Caparaó. Sem falar na vocação turística do café.
Montanhas do Espírito Santo: Esta região tem sido a força motriz por trás da revolução do Canéfora de qualidade no Brasil. Longe da imagem do café robusta commodity, os Canéforas das Montanhas Capixabas são cultivados em altitudes que chegam a 900 metros, beneficiando-se de um microclima especial com chuvas bem distribuídas e temperaturas amenas. Essa combinação permite um desenvolvimento mais lento dos grãos, resultando em cafés com notas de chocolate, especiarias e frutas escuras, com um corpo aveludado e acidez equilibrada, muito diferentes do que se esperaria de um Canéfora tradicional. O primeiro e terceiro lugares nesta categoria, conquistados por Carolinna Bridi e Luis Carlos da Silva, respectivamente, são o coroamento de anos de pesquisa, investimento em tecnologia e, principalmente, uma mudança de mentalidade dos produtores, que passaram a focar na qualidade excepcional.
Região Vulcânica (SP): O sul de Minas e a região leste de São Paulo dividem a área conhecida como Região Vulcânica, um tesouro geológico. Os solos aqui são diferenciados, extremamente férteis e ricos em minerais devido à atividade vulcânica ancestral. Essa composição singular do solo se traduz em cafés Arábicas com características sensoriais marcantes, como doçura elevada, corpo denso e notas que lembram chocolate, frutas secas e um toque terroso sutil. A presença de Juliana Aparecida no pódio é um testemunho da crescente relevância desta região, que alia uma paisagem deslumbrante à inovação tecnológica no cultivo e processamento, buscando sempre extrair o máximo potencial de seus grãos.
Matas de Rondônia: A presença de Angelica Alexandrino no segundo lugar da categoria Canéfora é um marco para a cafeicultura amazônica. As Matas de Rondônia representam a emergência de uma nova fronteira para o café de qualidade no Brasil. Longe dos tradicionais cinturões cafeeiros, a região tem se dedicado ao cultivo de Canéfora com foco em sustentabilidade e técnicas apuradas. O clima quente e úmido da Amazônia, combinado com solos férteis, confere aos cafés rondonienses um corpo exuberante, notas de amêndoas, cacau e um amargor delicado, que desafiam a percepção comum sobre o robusta. A vitória de Angelica é um símbolo de que a Amazônia pode, e deve, ser um player importante no cenário do café especial, promovendo a floresta em pé e oferecendo cafés com perfis sensoriais únicos e autênticos.
O domínio capixaba: uma força inabalável
O Espírito Santo não apenas brilhou, mas dominou de forma espetacular o Coffee of the Year 2025. Com impressionantes 11 dos 15 prêmios entregues nas duas categorias, o estado se consolidou como uma verdadeira potência cafeeira. Essa hegemonia é ainda mais notável quando observamos que 49 dos cafés finalistas – 40 Arábicas e 9 Canéforas – vieram de terras capixabas. Isso demonstra uma amplitude e consistência de qualidade em todo o estado, não se limitando a um ou outro produtor, mas sim a um ecossistema produtivo vibrante e coeso.
Este é o terceiro ano consecutivo em que o Espírito Santo lidera a categoria Canéfora, o que não é por acaso. Esse sucesso é resultado de um investimento massivo em pesquisa, desenvolvimento e, crucialmente, na valorização do produtor. Programas de assistência técnica, incentivos à certificação e à adoção de práticas sustentáveis têm transformado a imagem do Canéfora capixaba, elevando-o de um café de volume para um produto de altíssimo valor agregado. A topografia variada, que permite o cultivo em diferentes altitudes, aliada a um clima favorável e a uma rede de cooperativas e associações fortes, cria um ambiente propício para a inovação e a busca constante pela excelência. O Espírito Santo prova que a qualidade é uma jornada contínua, onde o compromisso com a terra e com o grão se traduz em reconhecimento global.
Impacto no nercado: vitrine e diversificação
A Semana Internacional do Café e, em particular, o Coffee of the Year, exercem um impacto profundo no mercado cafeeiro. Com a presença de 25 mil visitantes de 40 países e 240 expositores, a SIC é muito mais do que uma feira; é um hub de negócios, conhecimento e cultura. Os cafés vencedores e finalistas do COY ganham uma visibilidade incomparável, abrindo portas para novos mercados e valorizando o trabalho dos produtores. Exportadores e compradores internacionais buscam ativamente esses cafés premiados, impulsionando a demanda e garantindo melhores preços para os cafeicultores.
Além disso, o concurso tem sido fundamental para o “crescimento da representatividade das regiões não-tradicionais” na cafeicultura brasileira. A presença das Matas de Rondônia no pódio e o avanço contínuo do Canéfora especial são exemplos claros dessa diversificação. Isso estimula outras regiões a investirem em qualidade, a explorarem seus terroirs e a buscarem seu espaço no concorrido mercado de cafés especiais. O resultado é um mapa do café brasileiro cada vez mais rico e diversificado, com opções para todos os paladares e para diferentes aplicações, desde a xícara do barista até as indústrias que buscam grãos com perfis específicos. O Coffee of the Year é, assim, um catalisador de oportunidades, impulsionando o desenvolvimento econômico e social nas comunidades cafeeiras e elevando o patamar do café brasileiro no cenário global.
Conclusão: novas fronteiras e o futuro do café brasileiro
O Coffee of the Year 2025 foi um evento que transcendeu a mera premiação; foi uma celebração da resiliência, inovação e paixão que movem a cafeicultura brasileira. A consolidação do Espírito Santo como uma nova potência cafeeira, capaz de dominar tanto em Arábica quanto em Canéfora, é uma lição inspiradora. O estado não apenas provou que é possível inovar e elevar a qualidade de um grão historicamente associado ao volume, mas também demonstrou que a dedicação e o investimento em práticas sustentáveis e tecnologia colhem frutos saborosos.
A diversificação do mapa do café brasileiro, com o surgimento e a afirmação de terroirs como o Caparaó, a Região Vulcânica e as Matas de Rondônia, mostra que o Brasil está longe de esgotar seu potencial cafeeiro. Há sempre novas terras a serem exploradas, novas variedades a serem cultivadas e novas técnicas a serem aplicadas, resultando em uma gama cada vez maior de sabores e aromas para os apreciadores de café.
As perspectivas para 2026 são, portanto, animadoras. Espera-se que a busca por cafés especiais continue a crescer, impulsionada pela conscientização dos consumidores e pela paixão dos produtores. O Coffee of the Year continuará sendo essa vitrine essencial, incentivando a excelência e revelando as próximas grandes histórias do café brasileiro. Que venham os próximos recordes, os novos campeões e as surpresas que só a terra fértil e o trabalho dedicado dos nossos cafeicultores podem nos oferecer. O futuro do café brasileiro é vibrante, promissor e, certamente, delicioso.
Perguntas frequentes sobre Coffee of the Year 2025
O que é o Coffee of the Year 2025?
Concurso que elege os melhores cafés do Brasil. Em 2025, bateu recorde com 601 amostras inscritas de produtores de todo o país.
Qual região dominou o Coffee of the Year 2025?
O Espírito Santo conquistou 11 dos 15 prêmios, com 49 cafés finalistas. As Montanhas do ES se destacaram especialmente no Canéfora.
Quem foram os grandes vencedores do COY 2025?
Guilherme Abreu Vieira (Caparaó/MG) no Arábica e Carolinna Bridi (Montanhas do ES) no Canéfora foram os campeões absolutos.
Como são avaliados os cafés no concurso?
Por Q-Graders certificados que analisam aroma, sabor, acidez, corpo, finalização e qualidade geral em avaliação às cegas.
O que torna as regiões vencedoras especiais?
Caparaó tem altitude e solos vulcânicos, Montanhas do ES revolucionou o Canéfora, e a Região Vulcânica de SP inova constantemente.
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Mirian Ferreira Sou uma jornalista com mais de 30 anos de carreira e apaixonada por café e aqui neste blog uso meu conhecimento técnico e meu gosto pela escrita para falar com outros coffee lovers, mostrando tudo o que acho interessante no universo do café.
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